terça-feira, 12 de novembro de 2013

Aquela - Darcy Ribeiro

"Minha amada é ela, aquela que não vem.
 Ainda não veio, nunca veio, ainda não.
 Mas virá, ora se virá. A diaba me virá.”
Darcy Ribeiro


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Ensaios Fotográficos - Manoel de Barros

O abandono pode ser também de uma expressão que tenha entrado para o arcaico ou mesmo uma palavra. Uma palavra que esteja sem ninguém dentro. (O olho do monge estava perto de ser um canto.)
Continuou: digamos a palavra amor está quase vazia. Não tem gente dentro dela. Queria construir uma ruína para palavra amor. Talvez ela renascesse das ruínas, como um lírio pode nascer de um monturo.

Fonte:Manoel de Barros. Ensaios Fotográficos.5ª ed.Rio de Janeiro:Editora Record,2005.pg.31


sábado, 9 de novembro de 2013

Água Viva - Clarice Lispector

Perco a identidade do mundo em mim e existo sem garantias. Realizo o realizável mas o irrealizável eu vivo e o significado de mim e do mundo e de ti não é evidente. É fantástico, e lido comigo  nesses momentos com imensa delicadeza.

Agua Viva, Clarice Lispector. Ed. Rocco, 1998. p.71  

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Sou talvez a visão que alguém sonhou, 
alguém que veio ao mundo pra me ver, 
e que nunca na vida me encontrou!

[Florbela Espanca]






quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Escolha - Elisa Lucinda























Eu te amo como um colibri resistente
Incansável beija-flor que sou
Batedora renitente de asas
Viciada no mel que me dás depois que atravesso o deserto
Pingas na minha boca umas gotas poucas
Do que nem é uma vacina.

Eu uma mulher, uma ave, uma menina...
Assim chacinas o meu tempo de eremita:
Quebras a bengala onde me apoiei, rasgas minhas meias
As que vestiram meus pés
Quando caminhei as areias.

Eu te amo como quem esquece tudo
Diante de um beijo:
As inúmeras horas desbeijadas
Os terríveis desabraços
Os dolorosos desencaixes
Que meu corpo sofreu longe do seu.

Elejo sempre o encontro
Ele é o ponto do crochê.
Penélope invertida
Nada começo de novo
Nada desmancho
Nada volto

Teço um novo tecido de amor eterno
A cada olhar seu de afeto
Não ligo para nada que doeu.
Só para o que deixou de doer tenho olhos.
Cega do infortúnio
Pesco os peixes dos nossos encaixes
Pesco as gozadas
As confissões de amor
As palavras fundas de prazer
As esculturas astecas que nos fixam
Na historia dos dias

Eu te amo.
De todos os nossos montes
Fico com as encostas
De todas as nossas indagações
Fico com as respostas
De todas as nossas destilarias
Fico com as alegrias
De todos os nossos natais
Fico com as bonecas
De todos os nossos cardumes
As moquecas.
  

sábado, 9 de março de 2013

Pra Você Guardei o Amor - Nando Reis


"Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir"


sábado, 9 de fevereiro de 2013

Amor e seu tempo - Carlos Drummond














Amor é privilégio de maduros
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.
É isto, amor: o ganho não previsto,
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe
valendo a pena e o preço do terrestre,
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.
Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Esperançoso - Danilo de Melo Souza














Caso o acaso
acaso nos una
conquistaremos a lua.
Caso o acaso
não baste o bastante.
Caso nosso amor
não compense o instante.

Você pode partir.

Não vá tão distante.

Caso nosso caso
caia no descaso
me permita o atraso
de renovar esse caso.

É que meus versos,
são cheios de esperança.

(In)certos Versos e Alguma (P)rosa
Palmas. Gráfia Editora Sto Expedito,2010

sábado, 12 de janeiro de 2013

Espero Curarme de Ti.


Espero curarme de ti en unos días. Debo dejar de fumarte, de beberte, de pensarte. Es posible. Siguiendo las prescripciones de la moral en turno. Me receto tiempo, abstinencia, soledad.
¿Te parece bien que te quiera nada más una semana? No es mucho, ni es poco, es bastante. En una semana se puede reunir todas las palabras de amor que se han pronunciado sobre la tierra y se les puede prender fuego. Te voy a calentar con esa hoguera del amor quemado. Y también el silencio. Porque las mejores palabras del amor están entre dos gentes que no se dicen nada.
Hay que quemar también ese otro lenguaje lateral y subversivo del que ama. (Tú sabes cómo te digo que te quiero cuando digo: «qué calor hace», «dame agua», «¿sabes manejar?», «se hizo de noche»... Entre las gentes, a un lado de tus gentes y las mías, te he dicho «ya es tarde», y tú sabías que decía «te quiero»).
Una semana más para reunir todo el amor del tiempo. Para dártelo. Para que hagas con él lo que quieras: guardarlo, acariciarlo, tirarlo a la basura. No sirve, es cierto. Sólo quiero una semana para entender las cosas. Porque esto es muy parecido a estar saliendo de un manicomio para entrar a un panteón.
Jaime Sabines

Fragmentos - Água Viva


"Embora tudo seja tão frágil. Sinto-me tão perdida. Vivo de um segredo que se irradia em raios luminosos que me ofuscariam se eu não os cobrisse com um manto pesado de falsas certezas. Que o Deus me ajude: estou sem guia e é de novo escuro."
Clarice Lispector.

Água Viva, Ed. Rocco - pg.45

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

EU SOU UM POÇO DE SENSIBILIDADE - IRA


Por entre ruas, entre carros e placas
Luzes, cheiros e toques

Eu sou um poço de sensibilidade
te buscando na cidade
Eu sou um poço de sensibilidade

Entre veludos e cetins
Fantasias e brinquedos
Desejos e um certo medo
Cheiros e toques

Eu sou um poço de sensibilidade
Te buscando na cidade
Eu sou um poço de sensibilidade

O seu sorriso no meu dia-a-dia
A sua palavra em meu vocabulário
Minha professora, eu aprendi tudo errado
Te buscando na cidade
Eu sou um poço de felicidade

Com seu nariz furando o vento
Com um certo ar de autoridade
Eu fico louco, louco de saudade
Sou um cara afortunado
perto de ti eu sou um poço de sensibilidade.