sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Poesia


Que me venha esse homem

Bruna Lombardi

Que me venha esse homem

depois de alguma chuva

que me prenda de tarde

em sua teia de veludo

que me fira com os olhos

e me penetre em tudo.


Que me venha esse homem

de músculos exatos

com um desejo agreste

com um cheiro de mato

que me prenda de noite

em sua rede de braços

que me perca em seus fios

de algas e sargaços.

Que me venha com força

com gosto de desbravar

que me faça de mata

pra percorrer devagar

que me faça de rio

pra se deixar naufragar.


Que me salve esse homem

com sua febre de fogo

que me prenda no espaço

de seu passo mais louco.

Ultimo dia de 2007

“Não preciso do fim para chegar.
Me procurei a vida inteira e não me achei... Descobri que todos os caminhos levam à ignorância..."


O grande Manoel de Barros me leva a reflexões profundas neste último dia do ano de 2007. É o fim de um ciclo chamado ano, o que inevitavelmente nos leva a uma prestação de contas interno. É a hora que paramos para nos sentenciar se passamos ou não de ano.
Hoje quero romper com esta lógica! E num ato transgressor e generoso validar todos os acertos e erros, que no final das contas têm o mesmo peso na construção da pessoa que sou. Alias é necessário admitir que nem mesmo sei se os acertos foram acertos e os erros foram erros. Tudo é uma questão de crença pessoal. É aqui também que sintetizamos nossa mais profunda ignorância.
Vamos combinar então que nosso compromisso será sempre com a felicidade e que no final de nossas contas valerá a intencionalidade. E mais importante ainda: descobrir que o fim não existe e que tudo é processo contínuo, todos passaremos de ano com louvor. Nota dez pra todo mundo! Vamos virar 2007 de alma lavada e coração aberto para as emoções de 2008.