sábado, 28 de novembro de 2009

CARTA DO FORUM MUNDIAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


A carta defende a criação de um novo paradigma mundial, fundamentado não no mercado de trabalho, mas em “laços de cooperação, de interação e de partilha”. Nos cinco dias em que Brasil recebeu o fórum mundial, pessoas de mais de 16 países trocaram experiências e levantaram propostas para construir uma formação profissional capaz de “trazer o resgate e a superação de direitos negados”. Marco do Fórum Mundial, o julgamento da anistia política de Paulo Freire é também citado no documento. No último dia 26, o Estado brasileiro pediu desculpas oficiais pela perseguição política que fez ao educador. À viúva de Freire, foi dada a maior indenização que a lei permite, de 450 salários mínimos. A anistia do educador foi recebida com lágrimas por sua viúva e pelo público de três mil pessoas que lotaram o auditório principal do Centro de Convenções Ulysses Guimarães.

A carta na íntegra:



Outro mundo não é possível, é necessário!
Leonardo Boff


O FÓRUM MUNDIAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA, com a presença de mais de 15 mil pessoas, aconteceu com o formato de celebração da diversidade: grande riqueza para a humanidade.
Em um patamar mais imediato, representa a afirmação da Educação Profissional e Tecnológica como instrumento seguro na luta para o resgate e a superação de direitos negados, como o direito à educação.
No horizonte da utopia, o Fórum revela a vontade política de tantos países em assumir posição em favor do ser humano e da Terra, considerados como um todo indissociável e que precisam ser cuidados, face a ameaça que paira sobre nós todos neste período talvez mais crítico da existência milenar da Terra.
O Fórum Mundial representa, pois, a possibilidade de construção de outro mundo pautado em ações que concorram para que os muros erguidos pelo poder econômico sejam substituídos por laços de cooperação, de integração e de partilha.
Diversidade e Integração são pilares das mudanças propostas, a seiva que nutriu os atores e aqueceu as reflexões e os debates. Foram múltiplos olhares, traduções de caminhos firmados, reconhecendo que, em oposição à lógica neoliberal que traz como defesa o "modelo único", outros mundos são possíveis, e que é desejável tecê-los com a valorização das diferenças e da solidariedade.
Estudantes, professores (as), pesquisadores (as), representantes de governos, sindicatos, associações, pessoas da sociedade civil organizada, enfim trabalhadores e trabalhadoras do Brasil e de países dos cinco continentes presentes neste fórum, reconhecem que no mosaico de suas aspirações, a educação profissional e tecnológica constitui-se em forte e decisivo instrumento de mobilização social. Uma educação concebida não na dicotomia do dentro/fora e do resgate da cidadania sustentada pela exclusão, mas arquitetada na participação política de todos (as) e voltada para a cidadania plena.
O conhecimento que, na "lógica exclusiva", tornou-se propriedade de poucos(as) e instrumento de dominação, deve revelar-se poderoso na luta contra a desigualdade e a injustiça. Neste aspecto, a educação estaria cumprindo o papel central de, ao permitir o acesso à cultura socialmente construída, criar as devidas condições para que todos(as) possam assumir funções de dirigentes, como defendia Gramsci.
O Fórum Mundial da Educação Profissional e Tecnológica integra-se ao Fórum Mundial da Educação e por sua vez ao Fórum Social Mundial e dessa forma, valida a sua Carta de Princípios e a Plataforma Mundial da Educação e proclama em sua agenda:
Ampliar o compromisso do Estado em assumir, cada vez mais, responsabilidade perante a cidadania, especialmente, no que tange à educação pública.
Alargar o alcance da educação, em especial da educação profissional e tecnológica, para abraçar os (as) excluídos (as);
Tecer uma rede mundial de culturas e alternativas de educação, em que a cooperação em favor do ser humano e da vida substitua a concorrência;
 
Reconhecer que, como a sociedade do conhecimento é complexa, é necessário que a educação para o trabalho se fortaleça enquanto educação para a vida e por toda a vida;
Lutar pela valorização da diversidade de mundos, assegurando lugar às capacidades locais, às diversas instâncias de aprendizagem para além da escola, reconhecendo e validando esses saberes;
Promover ações educacionais que reconheça a ciência e a tecnologia como um dos instrumentos fundamentais para mudar o mundo, assegurando ações afirmativas em favor de todos os grupos até então discriminados;
Propor e apoiar iniciativas comprometidas com o resgate da dignidade da pessoa, independente da condição do continente, país, cor, gênero, opção religiosa e política, orientação sexual, dentre outros (as);
Validar e reconhecer os saberes tácitos construídos no trabalho e nas relações da vida;
O Fórum se constituiu num marco histórico ao apontar caminhos para que jovens e adultos (as) que têm ou tiveram sua cidadania negada ou postergada recuperem esse direito. Foi palco da Caravana da Anistia para realizar a Cerimônia de pedido de desculpas do estado brasileiro ao educador Paulo Freire e devolver sua cidadania, no dia 26 de novembro de 2009. Uma dívida social e política que o Brasil acumulou. Assim como, referendou o compromisso por mudar a realidade também daqueles (as) que ainda hoje não sabem ler suas próprias línguas, mas sonham com uma nação mais humana, justa e feliz.
Este Fórum Mundial da Educação Profissional e Tecnológica proporcionou a reinstauração da esperança e da libertação. É mais um passo na construção de uma nova ética centrada na vida, no trabalho e na solidariedade expressa por uma cultura da paz e da sustentabilidade.
Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica (FMEPT)
Brasília, 27 de novembro de 2009

sábado, 14 de novembro de 2009

Parabéns Ana Clara!

Tenho um imenso orgulho do trabalho da minha irmã, principalmente por estar ligado à produção de alimentos numa cultura muito popular que é a do feijão que ela pesquisa desde a sua graduação pela UFPI.



Aluna da UEM descobre gene resistente à antracnose
09 de novembro de 2009
Ana Clara Meirelles, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento da Universidade Estadual
de Maringá, identificou um novo gene de resistência à antracnose. A antracnose é responsável por consideráveis
perdas de produtividade na cultura do feijoeiro, causada pelo fungo Colletotrichum lindemuthianum (Sacc. & Magnus)
Lams.-Scrib. A descoberta permitirá a criação de cultivares mais produtivas e com amplo espectro de resistência.
O trabalho, desenvolvido no Núcleo de Pesquisa Aplicada à Agricultura (Nupagri-UEM), já foi apresentado em dois
importantes eventos da área. O primeiro deles, em agosto, em Guarapari/ES, no Congresso Brasileiro de
Melhoramento de Plantas. O outro, em outubro, no Colorado/EUA, no Bean Improvement Cooperative (BIC) Meeting.
Durante este último, a orientadora da mestranda, a professora Maria Celeste Gonçalves-Vidigal, obteve a aprovação do
Comitê de Genética do BIC para esse novo gene, nomeado como Co-14, presente na cultivar tradicional Pitanga.
No Brasil, até o momento, foram identificadas mais de 54 raças fisiológicas de C. lindemuthianum nas diversas regiões
produtoras de feijoeiro comum. O Paraná é o estado onde tem sido observado maior variabilidade do patógeno, com 40
raças identificadas, seguido por Goiás com 17, Santa Catarina 16 e Rio Grande do Sul com 14.
Para Meirelles, descobrir um novo gene está agregado ao trabalho árduo, além de muito conhecimento e experiência
da equipe. A mestranda explica que a identificação do gene como uma nova fonte de resistência ao C. lindemuthianum
é muito importante para os programas de melhoramento genético nacionais e internacionais do feijoeiro comum.
UEM/ASC
Planeta Universitário
Fonte: Planeta Universitário http://www.planetauniversitario.com/index.php?option=com_content&task=view&id=10288&Itemid=1

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Tu Nombre

"Trato de escribir en la oscuridad tu nombre. Trato de escribir que te amo. Trato de decir a oscuras esto. No quiero que nadie se entere, que
nadie me mire a las tres de la mañana paseando de un lado a otro de la
estancia, loco, lleno de ti, enamorado. Iluminado, ciego, lleno de ti,
derramándote. Digo tu nombre con todo el silencio de la noche, lo grita
mi corazón amordazado. Repito tu nombre, vuelvo a decirlo, lo digo
incansablemente, y estoy seguro que habrá de amanecer."

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Quem Ama Inventa - Mário Quintana

Quem ama inventa as coisas a que ama...
Talvez chegaste quando eu te sonhava.
Então de súbito acendeu-se a chama!
Era a brasa dormida que acordava...
E era um revôo sobre a ruinaria,
No ar atônito bimbalhavam sinos,
Tangidos por uns anjos peregrinos
Cujo dom é fazer ressurreições...
Um ritmo divino? Oh! Simplesmente
O palpitar de nossos corações
Batendo juntos e festivamente,
Ou sozinhos, num ritmo tristonho...
Ó!meu pobre, meu grande amor distante,
Nem sabes tu o bem que faz à gente
Haver sonhado... e ter vivido o sonho!

Antologia Poética; Ed. L&PM,1997

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Felicidade Clandestina

"Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada."

In “Felicidade Clandestina”.Rio de Janeiro, Rocco, 1998