domingo, 31 de outubro de 2010

Carlos Drummond de Andrade 108 Anos 31.10.2010


ETERNO

E como ficou chato ser moderno.
Agora serei eterno.

Eterno! Eterno!
O Padre Eterno,
a vida eterna,
o fogo eterno.

*(Le silence éternel de ces espaces infinis m'effraie.)

**— O que é eterno, Yayá Lindinha?
— Ingrato! é o amor que te tenho.

Eternalidade eternite eternaltivamente
eternuávamos
eternissíssimo
A cada instante se criam novas categorias do eterno.

Eterna é a flor que se fana
se soube florir
é o menino recém-nascido
antes que lhe dêem nome
e lhe comuniquem o sentimento do efêmero
é o gesto de enlaçar e beijar
na visita do amor às almas
eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo
mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força [o resgata

é minha mãe em mim que a estou pensando
de tanto que a perdi de não pensá-la
é o que se pensa em nós se estamos loucos
é tudo que passou, porque passou
é tudo que não passa, pois não houve

eternas as palavras, eternos os pensamentos; e passageiras as obras.
Eterno, mas até quando? é esse marulho em nós de um mar [profundo.

Naufragamos sem praia; e na solidão dos botos afundamos.
É tentação a vertigem; e também a pirueta dos ébrios.

Eternos! Eternos, miseravelmente.
O relógio no pulso é nosso confidente.

Mas eu não quero ser senão eterno.
Que os séculos apodreçam e não reste mais do que uma essência
ou nem isso.
E que eu desapareça mas fique este chão varrido onde possou [uma sombra
e que não fique o chão nem fique a sombra
mas que a precisão urgente de ser eterno boie como uma esponja [no caos

e entre oceanos de nada
gere um ritmo.
*"O silêncio eterno desses espaços infinitos me apavora" é uma frase famosa do pensador francês Blaise Pascal (1623-1662).
** O diálogo jocoso de Yayá Lindinha foi retirado de um conto chamado "Eterno" de Machado de Assis.

sábado, 30 de outubro de 2010

Ai Que Vontade! - Itamar Assumpção


"Ai que vontade de pegar esta saudade
Enfiar atrás das grades e levar pra Itajaí
Trocar de ares ir e vir nos verdes mares
Despejar nos arredores bulevares de Tatuí."


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Divã - Martha Medeiros

"Não gosto de nada que é raso, de água pela canela. Ou eu mergulho até encontrar o reino submerso de Atlântida, ou fico à margem, espiando de fora. Não consigo gostar mais ou menos das pessoas, e não quero essa condescendência comigo também."

Divã/ Martha Medeiros - Rio de Janeiro:Objetiva,2002 pág.103

sábado, 23 de outubro de 2010

TERCEIRO DIA - O Livro das Ignorãças



"Nuvens me cruzam de arribação.
Tenho uma dor de concha extraviada.
Uma dor de pedaços que não voltam.
Eu sou muitas pessoas destroçadas."


O Livro das Ignorãças/Manoel de Barros - 16ªed. - Rio de Janeiro:Record,2009 pág.71

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

AFORISMO

"Se você construiu castelos no ar, o seu trabalho não precisa estar
perdido; é lá que eles devem ficar. Agora ponha os alicerces por baixo
deles."
Hery David Thoreau (1817 - 1862)

O mundo em uma frase: uma breve história do aforismo/James Geary - Rio de Janeiro: Objetiva,2007. pág.165

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Código de Acesso - Itamar Assumpção

"O meu código de acesso, é imenso
É nexo, é dor, é flor
É côncavo, é complexo
É denso, é afago, é amplexo
É o ninho do verso de amor"


A afirmação da poesia veio por intermédio de Paulo Leminski que já nos anos 70 dizia que a canção popular era o novo suporte para os versos no Brasil. Leminski disse à Itamar que ele era poeta. Discutiram, claro, mas por fim, há poesia sobrando no discurso irônico, romântico, passional de Itamar.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Os Deslimites da Palavra


"Ando muito completo de vazios.

Meu órgão de morrer me predomia.

Estou sem eternidades."


O Livro das Ignorãças/Manoel de Barros - 16ªed. - Rio de Janeiro:Record,2009 pág.55

Paulo Freire o mestre de todos nós!

Aos professores e professoras, que as palavras sábias do nosso grande mestre continue a nos inspirar na busca do compromisso de formar pessoas,, em especial, aos nossos alunos da escola pública!

"A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do
processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria."

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Aluna - Cecília Meirelles

"Conservo-te o meu sorriso
para, quando me encontrares,
veres que ainda tenho uns ares
de aluna do paraíso…"